Os 10 Mandamentos da Lei de Deus
Durante este Ano da Fé, a Renovação no
Espírito Santo apresentou uma releitura dos 10 mandamentos por meio da iniciativa “10 praças
para 10 mandamentos“, com dez grandes
eventos (cada um deles dedicado a um preceito) de oração, louvor, música, dança
e testemunhos de fé, nas principais praças de dez cidades italianas.
Esta
é a sua interessante “tradução” das Tábuas da Lei à linguagem atual, para
mostrar ao homem de hoje o caminho de liberdade traçado nestes dez preceitos:
Eu sou o Senhor teu Deus. A crise do homem moderno é crise de Deus, eclipse de
Deus, ignorância de Deus, aversão a Deus. A esperança dos homens é decepcionada
quando buscam respostas fora de Deus. O homem subordina sua vida, seu futuro,
tudo o que possui de bom a outros “senhores”. Longa seria a lista de todos os
“falsos senhorios” propostos pelo espírito do mundo, oposto ao Espírito de
Deus.
Não terás outro Deus fora de
mim. Os ídolos parecem desfrutar
de uma saúde excelente, enquanto Deus parece suscitar menos fascínio no homem
moderno. No entanto, são “ídolos mudos”, que não podem salvar o coração do
homem em sua mais recôndita necessidade de amar e ser amado. Quantas imitações,
quantas distorções do verdadeiro rosto de Deus! Faz-se guerra em nome de Deus,
mas Deus é uno; se é “uno”, não pode estar em conflito, em perene conflito
entre gerações e povos.
Não invocarás o nome de Deus em
vão. De quantas maneiras se
insulta Deus, se blasfema, se altera sua verdadeira essência! É fácil usar o
nome de Deus adaptando-o às próprias necessidades. Há muitos falsos profetas
que abusam dos outros, especialmente dos “fracos”, em nome de Deus. Há crentes
que dizem se salvar sozinhos, dando a Deus o nome de “misericórdia”, mas
esquecendo que seu nome também é “verdade” e “justiça”.
Santificarás as festas. A festa e, portanto, o repouso do trabalho, é o
espaço oferecido para a intimidade com Deus. O tempo reservado à descoberta de
si mesmo em relações de verdadeira fraternidade com os outros. Assistimos à
desnaturalização desta verdade: a festa não alimenta mais a necessidade que o
homem tem de Deus, mas o faz esquecer disso, tornando-se cada vez mais sinônimo
de consumismo, prazer, aquisição e desfrute dos bens materiais.
Honrarás teu pai e tua mãe. Os filhos nascem de um pai e de uma mãe, não de
doadores de esperma ou de barrigas de aluguel, em nome de uma nova ética
social. Quantos filhos órfãos, pela paternidade negada ou rejeitada inclusive
pelas próprias legislações humanas! Como os filhos poderão honrar seus pais e
mães se estes se mantêm “anônimos”? Quem honra pai e mãe respeita sua própria
história, as memórias familiares que conferem identidade social.
Não matarás. É possível matar de muitas maneiras, não somente com
armas; mata-se também com a língua, com a ignorância, com o silêncio. Não matar
significa também defender a vida, sempre, e não somente quando se pode ou
convém. A vida: em seu início, em seu desenvolvimento, em seu final. A vida não
pode ser mortificada. Em tempos de crise, não se podem favorecer novos
assassinos: os suicídios são muitas vezes filhos de uma pobreza provocada ou de
um bem-estar desenfreado que desaparece de repente.
Não cometerás atos impuros. Os atos impuros também são cometidos por uma cultura
obcecada, que faz da liberação do sexo um dos seus maiores negócios,
precisamente a partir da degradação da dignidade do homem e da mulher. Tornar a
prostituição mais “decente” não a torna menos exploração do corpo; pelo
contrário, cedo ou tarde, inclusive a pedofilia será socialmente compatível com
as “necessidades da modernidade“. É
impuro não conservar a unidade entre corpo e espírito, violentar o espírito em
nome do bem-estar corporal.
Não roubarás. O furto é uma intenção má que está dentro de nós.
Não se trata somente de não roubar algo de uma pessoa, e sim de não roubar a
pessoa em si, ou seja, privá-la do seu tempo, da sua dignidade, do seu futuro,
da justiça, da paz. É preciso educar na generosidade de coração, experimentando
a economia do dom, da gratuidade. A raiz do “não roubar” também é o possuir:
rouba-se porque não se está satisfeito com o que se tem, invadido pelo desejo
de ter e acumular.
Não levantarás falso testemunho. Também o falso testemunho está dentro de nós como
mentira, como abrandamento da verdade. É uma atitude que se torna cultura, que
se estabiliza no homem como simulação, ficção, verossimilitude da realidade
substituída pela ficção. Estar do lado da verdade, defendê-la, é um ato de
justiça e de amor a si mesmo e aos outros.
Não desejarás a mulher do
próximo. “A mulher do outro”:
parece um mandamento aos homens; mas hoje também significa “o homem da outra”.
A mulher e o homem não são uma coisa que se deseja, que pertence a alguém como
objeto. Quantos delitos passionais, quanta violência doméstica, quanta discriminação
do gênero feminino respondem a esta lógica desumanizadora!
Não cobiçarás as coisas alheias. A inveja se encontra na base deste e do anterior
mandamento. É o mais “sociável” dos vícios. A modernidade exaltou a cultura da inveja.
Nas sociedades civis avançadas, no Ocidente, o
pressuposto da democracia é a igualdade: “devo ter os mesmos direitos dos
outros”. Mas isso não significa sofrer do “complexo de ser idênticos”, ou seja,
de possuir as mesmas coisas que os outros, tornando-se escravo das coisas,
empobrecendo-se, endividando-se, enfermando-se por aquilo que se inveja e não
se pode possuir.
Em sua mensagem aos participantes da iniciativa “10 praças para
10 mandamentos“, o Papa Francisco perguntou: “Que
sentido têm para nós estas Dez Palavras? Que dizem elas à nossa época, agitada
e confusa, que parece querer renunciar a Deus?”.
E respondeu: “Os Dez Mandamentos são um dom de Deus. A palavra
‘mandamento’ não está na moda; ao homem de hoje evoca algo de negativo, a
vontade de alguém que impõe limites, que causa obstáculos à vida. E
infelizmente a história, também recente, é marcada por tiranias, ideologias e
lógicas que impuseram e oprimiram, que não procuraram o bem do homem, mas sim o
poder, o sucesso e o lucro”.
“No entanto, os Dez Mandamentos derivam de um Deus que nos criou
por amor, de um Deus que estabeleceu uma aliança com a humanidade, de um Deus
que deseja só o bem do homem. Tenhamos confiança em Deus! Confiemos nele!”,
exclamou o Papa.
Comshamom.org
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