domingo, 19 de fevereiro de 2012

O Sim de Maria e os seus frutos para a humanidade

Já abordamos várias vezes a escolha das criaturas por Deus, em Cristo (Ef 1). E vimos que ele escolhe cada ser humano com um plano bem definido para sua vida, um plano que, se aceito pelo escolhido, o realizará pessoalmente, e sobretudo implicará na Salvação de muitos irmãos, e assim será dada a devida glória ao Criador. Cada uma será santo, e a glória de Deus resplandecerá nas criaturas, seus eleitos, sua obra prima.

Já sabemos que Deus escolheu Maria, por mera benevolência (por que ele é bom) e gratuitamente (não por merecimento algum da parte de Maria), para ser a Mãe do Salvador. E com vistas a este objetivo, preparou-a muito bem, preservando-a da mancha do Pecado Original, enchendo-a de graças. Mas Deus jamais tira a liberdade das criaturas, e ele deu a Maria a liberdade de escolher. Maria então, decidiu pessoalmente e livremente aderir ao plano do Criador, e tornou-se Mãe de Deus. Ela correspondeu fielmente à Graça, dizendo-se serva do Senhor, e tornou-se Mãe da Igreja.

Maria aderiu ao plano de Deus, não que tivesse ciência plena de todo o desenrolar deste, não porque fosse um ser repleto de ciência infusa como alguns pretendem afirmar. Ela o fez na fé. E foi também na fé que dirigiu-se à casa de Isabel, para contemplar o sinal de Deus na vida desta, e para surpresa sua, ela mesma se tornou sinal: ficou cheia do Espírito Santo e profetizou que Maria seria a Mãe do Salvador.

Se toda mulher, ao dar à luz uma criança, influencia o curso da história, então o que dizer de Maria? Ela ocupa um lugar único na história Sagrada da humanidade, pois que, ao receber o dom do Pai, contribui para dar ao mundo Aquele que é o princípio, centro e fim da humanidade. No desenvolvimento do plano de Deus, Maria situa-se no meio do povo que espera o Messias. Mas este será seu Filho. E porque aceita esta Vontade de Deus, entra numa nova dimensão de fé e introduz no mundo Aquele por Quem podemos chegar à filiação divina.

A aceitação livre de Maria e aquilo que nela se realiza pelo poder do espírito Santo dá, pois, à nossa história o seu sentido último segundo o desígnio de Deus que se cumpre em Jesus e pela sua obra. A Maternidade Divina de Maria, como nenhum dos privilégios à Maria concedidos por Deus, não implica pois apenas na Salvação e realização de Maria, mas na Salvação e realização integral dos homens e mulheres de todos os tempos e lugares, até o dia final.

Um sim de valor não pode ser dado por covardia, por dificuldade de dizer não. Caso contrário, fatalmente irá demonstrar fraquezas futuras, como mostra a parábola dos dois filhos, contada por Jesus: um pai ordenou um trabalho para seus filhos: um disse que iria, mas não foi; o outro que disse NÃO acabou indo. Moral da história: serão as conseqüências que irão demonstrar a verdade do que foi dito.

Os frutos colhidos a partir do sim de Maria são fartos. Foi porta aberta para a encarnação do verbo divino. Ou como disse Bento XVI: possibilitou um rosto humano de Deus.

Mas também foi se confirmando depois, no dia-dia de Jesus, até a prova de fogo aos pés da cruz, quando viu seu “sim” martirizado e depois ampliado a toda à humanidade na acolhida a João: “mulher, eis aí seu filho”.

Por tudo isso, pode se dizer que a obediência de Maria ao anúncio do anjo ficou longe de ser uma aceitação distraída ou um “sim” alienado, de falta de opções. Também não foi um “amém” empolgado, mas superficial, como às vezes se dá em encontros e depois não resiste ao cotidiano.

Como recitou dias depois no Magnificat, a virgem de Nazaré acolheu sua missão por guardar sintonia com o Senhor. A palavra de Deus estava em seu coração e brotou fácil de seus lábios.

Maria serve de modelo para todos. Como o apóstolo Paulo, não hesitou em considerar um lixo tudo o que possuía, inclusive seus planos, para correr atrás de seu Cristo. Expôs tudo, até seu casamento. Poderia sair derrotada, mas não hesitou e por isso, “de geração em geração, a chamam de bem-aventurada”.

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